Existe vacina para o câncer? O que já sabemos e o que está em estudo

Ana Paula Cardoso • October 15, 2025

Existe vacina para o câncer? O que já sabemos e o que está em estudo



Vacinas contra o câncer já existem, como as que previnem HPV e hepatite B, e pesquisas avançam em terapias personalizadas como CAR-T e vacinas de mRNA. Entenda melhor neste artigo.


O que significa uma vacina contra o câncer?


Quando falamos em vacina, estamos tratando de um método preventivo. A função da vacina é treinar o sistema imunológico para reconhecer um agente causador de doença e impedir que ele se instale no organismo. No câncer, isso significa atuar na prevenção de tumores.



Quais tipos de câncer já podem ser prevenidos por vacinas?


Hoje temos duas vacinas amplamente disponíveis que ajudam a prevenir câncer:


  • Vacina contra o HPV: disponível no Brasil pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Quando aplicada antes da exposição ao vírus, protege em quase 100% contra o câncer do colo do útero. Além disso, ajuda a prevenir outros tumores relacionados ao HPV, como câncer de pênis, vulva, vagina, ânus e orofaringe (câncer de Michael Douglas).

  • Vacina contra hepatite B: previne a infecção crônica pelo vírus da hepatite B, que está diretamente relacionada ao desenvolvimento do câncer de fígado.


Existem vacinas hoje já usadas no tratamento do câncer?


Em vez de prevenir, as vacinas chamadas terapêuticas têm como objetivo estimular o sistema imunológico a atacar o tumor já existente.


Um exemplo clássico é a BCG, utilizada desde a década de 1970 no tratamento do câncer de bexiga superficial.


Hoje, o que temos em maior escala são as imunoterapias, como os inibidores de checkpoint imunológicos, que estimulam nossos linfócitos T a reconhecer e combater as células cancerígenas.

Outro avanço importante é o CAR-T, uma forma altamente personalizada de imunoterapia. Nesse tratamento, retiramos as células T (ou linfócitos T) do próprio paciente, para reconhecer especificamente a célula tumoral. Depois, essas células são expandidas e devolvidas para a circulação sanguínea do paciente, com o objetivo de atacar o tumor de forma dirigida.


Atualmente, essa tecnologia já é aprovada para alguns tipos específicos de leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. E os estudos continuam para o uso do CAR-T em tumores sólidos, como rim e pulmão.


Quais vacinas estão em desenvolvimento?


  • Vacinas de mRNA personalizadas, semelhantes às que usamos contra a COVID-19,  (mas com “instruções” específicas para proteínas mutantes em tumores).

  • Vacinas autólogas, feitas a partir de células do próprio paciente.


Vacinas contra o câncer funcionam para todos?


Assim como acontece com a vacina da gripe, não existe uma única vacina que vai funcionar para todos os tipos de câncer. Cada vacina é específica para um agente ou alteração genética.


O futuro da pesquisa está em identificar marcadores individuais de cada câncer e desenvolver vacinas direcionadas. Hoje, por exemplo, já existem vacinas em desenvolvimento para causas específicas de melanoma e câncer de pulmão.


Vacinas contra o câncer podem ter efeitos colaterais?


Como estimulam intensamente o sistema imunológico, podem provocar reações autoimunes fora de controle, como síndrome de liberação de citocinas, neurotoxicidade, entre outros.

Por isso, essas terapias exigem monitoramento e só devem ser feitas em centros especializados.


Uma esperança


Vacina contra o câncer já existe, mas não como um único remédio “universal”. Hoje, conseguimos prevenir tumores relacionados ao HPV e ao vírus da hepatite B. Também já usamos estratégias imunológicas, como o BCG para câncer de bexiga e as terapias de ponta com CAR-T para alguns cânceres.


O futuro caminha para vacinas cada vez mais específicas, desenhadas para o perfil de cada paciente e de cada tumor. O mais importante é entender que a prevenção continua sendo nossa maior aliada. Parar de fumar, manter peso saudável, praticar atividade física e fazer exames de rastreamento recomendados são medidas que salvam vidas hoje, enquanto a ciência trabalha para trazer novas respostas para o amanhã.


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