Por que a imunoterapia tem sido o tratamento mais comentado contra o câncer?
Por que a imunoterapia tem sido o tratamento mais comentado contra o câncer?

A imunoterapia é uma revolução no tratamento do câncer, tendo recebido o Prêmio Nobel de Medicina em 2018.
Imunoterapia na verdade são drogas capazes de ativar seu sistema imunológico. Mais especificamente seus linfócitos T. Mecanismos complexos do próprio tumor são capazes de silenciar nosso sistema imunológico para não atacá-lo, já que, normalmente, nosso sistema imunológico reconhece um tumor, impede seu crescimento e até promove a morte das células malignas.
Então o tumor desenvolve mecanismos que furam essa barreira imunológica e cresce. Esse é apenas um dos mecanismos de desenvolvimento tumoral. A imunoterapia, no caminho reverso da atuação do tumor, mostra para o nosso sistema imunológico que ele precisa atacar aquela célula, pois ela é maligna. A imunoterapia atua como uma “incentivadora” do nosso sistema imunológico, que estava “enganado” pelos sistemas de “disfarce” do câncer.
Mas quais tipos de câncer?
A imunoterapia já é aprovada e utilizada no tratamento de muitos tumores, como:
• Câncer de pulmão
• Melanoma
• Câncer de rim
• Câncer de bexiga
• Câncer de cabeça e pescoço
• Linfomas
• Câncer de colo do útero
• Câncer de esôfago e estômago
• Alguns casos de câncer de mama (como o tipo triplo negativo)
• Câncer de fígado
• Câncer colorretal com instabilidade de microssatélites (MSI-H)
Essa lista cresce todo ano, à medida que novos estudos demonstram benefícios em diferentes cenários. Apesar dos avanços em muitos tumores, existem alguns que até o momento a resposta não foi muito vantajosa. Continuamos estudando diferentes maneiras de aplicar a imunoterapia para aproveitar seu benefício em um número até maior de tumores. Esse é o caso de alguns tumores de pâncreas, de próstata e alguns tipos de câncer de cólon.
Além disso, mesmo em tipos de câncer sensíveis à imunoterapia, algumas vezes ela pode não ser a melhor opção para aquele paciente. A decisão depende de características específicas do tumor (como presença da proteína PD-L1 em células tumorais e presença de outras mutações) e do estado clínico da pessoa.
Como “toma” a imunoterapia?
A maioria das imunoterapias é administrada por via intravenosa, assim como a quimioterapia. Pode ser ambulatorial, por cateter central (tipo port-cath) ou periférico (nos braços, mãos). A frequência depende da droga e do protocolo (a cada 2, 3 ou 4 semanas, por exemplo). A imunoterapia subcutânea foi aprovada em alguns países recentemente e podemos falar mais sobre isso em outro momento.
A imunoterapia pode curar um câncer?
Sim, em alguns casos. Em tumores como o melanoma metastático ou o câncer de pulmão avançado e o câncer de rim, onde antes a cura era quase impossível, hoje já existem pacientes com respostas duradouras e até mesmo livres da doença por muitos anos após o tratamento com imunoterapia.
Pacientes cujo tumor apresenta certas características moleculares (como alta expressão de PD-L1, instabilidade de microssatélites, carga mutacional elevada, entre outros) costumam responder melhor. Além disso, pessoas com bom estado geral, sem doenças autoimunes graves e com função orgânica preservada têm mais chance de tolerar e se beneficiar do tratamento.
Por que a imunoterapia é um tratamento tão caro?
O preço do tratamento reflete tanto o investimento das empresas farmacêuticas privadas no desenvolvimento e na pesquisa dessas moléculas durante anos, assim como o benefício comprovado nos pacientes e no controle da doença. Além disso, são tratamentos inovadores recentes, ainda sob patente, o que contribui para o preço elevado.
Pelos resultados surpreendentes encontrados seria interessante ampliar o acesso para mais pessoas serem beneficiadas, mas isso pode ser questão de tempo.